sexta-feira, 12 de setembro de 2008

O Corpo


Um corpo de mulher. Ou seria de homem? Os dois estavam entrelaçados de tal forma que era impossível, naquela posição, saber de quem era o sangue que escorria dando origem a uma poça disforme. Calmamente o homem se levantou. Limpou na saia de seda as mãos manchadas de vermelho.
A menina se assustou ao ver tal cena na porta de casa. O hall do prédio de repente adquiriu uma aura estranha, pesada. Ela não queria ver aquilo, não queria ser testemunha de nada. Quando voltou para verificar se o que vira fora sonho ou realidade, os protagonistas não estavam mais no local. Apenas um leve sinal de sangue marcava o chão. Ignorou.
A mulher pediu ajuda. A menina fingiu que nada acontecia. A mulher esguia não tinha mais corpo, mas lhe aparecia em sonhos, batia as portas dos guarda-roupas, entrava nas bonecas. Queria ser amiga da menina. Não descansaria até que alguém a ajudasse a dar fim ao homem.
Contou histórias absurdas por meio de acontecimentos surreais. A menina acreditou. Com a boneca roxa que falava em mãos, foi até um estacionamento de supermercado. Ele não era um homem difícil. Seduziu. Podia ser tão sexy quanto a mulher loira e alta que agora era uma boneca em busca de vingança.
Um corpo de homem. Ou seria de mulher? Os dois estavam entrelaçados de tal forma que era impossível, naquela posição, saber de quem era o sangue que escorria dando origem a uma poça disforme. Calmamente a garota se levantou. Olhou em volta. Ninguém. No dia seguinte o noticiário tentava desvendar o mistério do corpo não identificado, encontrado com uma boneca roxa nas mãos.